8 de mar. de 2006

Isabel Allende e Seu País Inventado



Acabo de ler MEU PAÍS INVENTADO, de Isabel Allende.

Apaixonei-me – dessas paixões arrebatadoras à primeira vista – por seus romances quando li A CASA DOS ESPÍRITOS, seu primeiro publicado. Desde então, tenho aguardado a cada ano, com a mesma ansiedade com que aguardo um novo filme do Woody Allen, seus novos livros.

Isabel Allende fala em seus romances sobre amor, perdas, sobrevivências, lutas, fé... características visivelmente exacerbadas em nós, latinos! Usa as mãos, mas certamente escreve com o coração. E assim foi também com DE AMOR E DE SOMBRAS, EVA LUNA, CONTOS DE EVA LUNA, O PLANO INFINITO, PAULA (em minha opinião, este e A CASA DOS ESPÍRITOS são imbatíveis!), AFORDITE (uma deliciosa e afrodisíaca mistura de receitas e contos), FILHA DA FORTUNA, RETRATO EM SÉPIA, e tantos outros, também apaixonantes.

É impossível não se envolver com seus personagens excêntricos. Sempre que começo a ler - ou reler – um de seus romances, tenho a sensação que estou sentada, tomando chá em uma tarde nublada de domingo e conversando com ela, seus personagens e fazendo parte de suas tramas. Pego-me freqüentemente frustrada por não poder opinar sobre alguns destinos.

Mas voltando ao MEU PAÍS INVENTADO, Isabel Allende passeia descrevendo a saudade, a nostalgia, o abandono, a vontade de regressar diante da impossibilidade – tema também lindamente descrito pelo Millan Kundera, em A IGNORÂNCIA -, a forma como a nostalgia faz-nos lembrar de coisas que nunca aconteceram, de como lembramos, de forma turva de certos fatos e situações, e, finalmente, de que somos nós os países, as fronteiras, as crenças, os costumes... e carregaremos essa bagagem para onde quer que vamos!

Durante esse passeio pelo livro, fica difícil não se encantar com o Chile, ou com o Chile visto através de seus olhos. Durante a viagem, pegam carona com ela figuras como Pablo Neruda, Violeta Parra, e outros que cantam a dor e o amor de forma belíssima e comum a todos nós.

Não creio ser possível terminar essa leitura e não fazermos, cada um de nós, o perfil de nossas vidas, e de nosso país... inventados!

Um comentário:

Ana Balbinot disse...

Olá! Esbarrei no seu blog por acaso , a o procurar caranguejos no google, e amei! Também sou fã da Isabel Allende, do Milan Kundera, e de muitos outros escritores maravilhosos dos nossos tempos.
Adorei suas postagens!
Beijos
Ana