Por esses dias, andei angustiada, sem saber o que comprar de presente para uma amiga minha, muito querida. Às vezes achamos que é mais difícil presentear aqueles que mal conhecemos. Hum... tenho que discordar. Explico-me: quando mal conhecemos alguém, realmente fica difícil presentear por desconhecermos totalmente seus gostos e preferências. Mas, quando conhecemos tanto e tão intimamente alguém, a expectativa da sintonia, da novidade, do inesperado, dificultam ainda mais a escolha, tornando o exercício angustiante.
E foi nesse contexto que me deparei com o CD da Rita Lee, Aqui, Ali,
E quão prazeroso foi, para mim, perceber que eu estava completamente enganada! A Rita interpreta com delicadeza belas músicas
Mas não será a amizade como o CD da Rita, enfim?, ela pode ser sempre a mesma, sob várias versões e variações?, uma mesma base, sendo sempre reconstruída e reinventada, sem, com isso, perder-se a versão original?.
O CD da Rita é para ser ouvido no carro, com o trânsito engarrafado ao meio dia; em casa, em um domingo chuvoso, comendo mingau de aveia em cumbuca de porcelana azul, ou em qualquer lugar. É um CD reconfortante sobre inovar, tentar, ousar – com a cautela de não beirar o ridículo.
Dedicá-lo a si mesmo, a um amor ou a um amigo, é um convite à reinvenção, por tempo indeterminado, de um sentimento eterno – eterno como as músicas dos Beatles e a irreverência da Rita. É compartilhar a certeza de que as mudanças existem e continuarão sempre existindo, mas as nossas versões originais estarão sempre ali, guardadinhas, estejamos nós aqui, ali, ou em qualquer lugar.
Não tive mais dúvidas sobre o que comprar.