2 de jun. de 2006

Fundo de Quintal


Pensando no que eu quero para a minha vida, cheguei a uma conclusão: para o meu futuro, eu quero um quintal.

Quero grama, quero sol, quero árvore e céu. Quero espaço, quero me sentir livre. Não quero passar o resto de minha vida a ver a vida através de uma janela com grades. Quero abrir a minha porta, e poder sair lentamente em direção às minhas tardes de agosto lá fora. Quero não precisar me limitar a alguns metros quadrados de concreto e tinta óleo. Quero banho de chuva em fins de tarde.

É cada vez menor o número de quintais. Deveria haver um estudo sobre isso, sobre a contínua tendência de nos fecharmos em alguns tristes metros quadrados, em nossa necessidade, cada vez maior, de justapor, verticalmente, todos os nossos sonhos, obrigações, frustrações e anseios.

Quando decidimos abrir as portas para o quintal – e, antes disso, quando nos permitimos ter um quintal -, sentimo-nos como Robinson Crusoé, ao encontrar na areia as pegadas do índio Sexta-Feira. É como encontrar a saída da jaula na qual nem percebíamos que estávamos encerrados. E então, encontramos flores, chuva, céu, pedras... mas, acima de tudo, liberdade, oportunidade, diversidade! Encontramos espaço para atividades que não se resumam às ensimesmadas, a que estamos acostumados.

A cada dia, a mídia, a tecnologia, a violência e o conseqüente ritmo frenético de nossas vidas nos convencem de que não precisamos de um quintal, de que nem mais queremos um quintal.

Às vezes, esqueço do meu. Esqueço de regar as plantas, de andar descalça pela grama molhada, e de ofuscar meus olhos ao olhar para o domingo ensolarado... Que bom que, em nossas vidas, existem os domingos ensolarados!

2 comentários:

sotturno disse...

gostei do seu blog também!!
obrigado pro sua mensagem!!!!
um beijo pra ti!!!!!

Anônimo disse...

Olá, minha adorável amiga. Fico extasiada, cada vez que leio algo seu. Me envaideço por ser sua amiga,e me embriago com os seus textos, essencialmente nessa ordem.Estiquei o tempo incitada pelo "quintal" e quebrei os ponteiros do relógio como se fossem a grade da minha janela. Aqui estou deliciando-me com um quintal construido no seu "quintal" com a força da liberdade e poder que nem sempre uso, pois a maioria das minhas "coleiras" é fabricada por mim mesma - posso e devo quebra-las com a força imensurável que tenho mas, que variavelmente desconheço.Acabei de quebrar pelo menos uma:a hora de agora - quando me perguntei ...ora...ora rsrsrs,o "h" é sempre mudo , não é? estou lendo pelo menos esse.
Um beijo
Lígia Beuttenmüller